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Planalto Norte registrou mais de 400 internações por tentativas de suicídio em 2024

Em março de 2024, um levantamento realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC) e divulgado como Diagnóstico de Serviços de Saúde Mental apontava que, em quatro de 13 municípios do Planalto Norte catarinense, não havia um plano específico de prevenção ao suicídio. Canoinhas e Três Barras faziam parte da lista dos que não tinham esse protocolo elaborado.

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À época, para a elaboração do diagnóstico pelo TCE/SC, foram avaliadas questões relacionadas à forma como os municípios desenvolvem serviços de saúde mental com estratégias em órgãos municipais, assistência e medicação, prevenção ao suicídio, serviço especializado e internação hospitalar.

Na segunda-feira, 24, a diretora-geral da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas, Simone de Castro, apresentou um relatório durante sessão da Câmara de Vereadores, contendo diversas informações relacionadas ao funcionamento da UPA no período entre janeiro de 2024 e fevereiro de 2025. No relatório, consta que diversos protocolos foram implementados na UPA durante o período, um deles é o protocolo de prevenção ao suicídio.

No levantamento do TCE/SC em 2024, consta que Canoinhas não possuía um programa de apoio específico para pessoas com sofrimento psíquico. De acordo com o levantamento, no entanto, o município realiza ações de prevenção ao suicídio semanalmente, além de oferecer apoio a pessoas que foram identificadas em risco de suicídio e seus familiares em diferentes momentos: durante a crise, durante a tentativa e pós-crises.

Quanto ao município de Três Barras, as informações do levantamento do TCE/SC apontam que até março de 2024, o município não tinha um protocolo específico de prevenção ao suicídio, mas já havia um grupo aberto de apoio para pessoas com sofrimento psíquico. Também há a informação de que a Vigilância Epidemiológica municipal realiza notificações em casos de violência autoprovocada, tentativas de suicídio e situações de suicídio consumado, prática não adotada por Canoinhas.

Major Vieira respondeu ao questionário alegando não ter um protocolo de prevenção ao suicídio.

LESÕES AUTOPROVOCADAS

Conforme informações do sistema TabNET, do DataSUS, no período entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, foram 403 internações registradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Planalto Norte, por casos envolvendo lesões autoprovocadas voluntariamente.

Embora Canoinhas e Major Vieira registrem apenas três casos em cada um dos municípios, e Três Barras tenha tido duas situações registradas durante o período, chama a atenção o número de internações por lesões autoprovocadas voluntariamente no município de Mafra ao longo de 2024: foram 395 ocorrências, de acordo com o sistema TabNET.

Mesmo com o alto número de ocorrências registradas em Mafra, no levantamento do TCE/SC de 2014, consta a informação de que o município já tinha estabelecido um protocolo de prevenção ao suicídio, assim como tinha em atividade um grupo de apoio específico para pessoas em sofrimento psíquico, além de alegar que o município faz a devida divulgação do grupo com frequência.

Assim como o município de Três Barras, Mafra também respondeu ao questionário do TCE/SC alegando que a Vigilância Epidemiológica municipal notifica os casos de violência autoprovocada, tentativas de suicídio e suicídio consumado. O que difere o protocolo aplicado em Mafra do aplicado em Três Barras, é o fato de que a Vigilância Epidemiológica mafrense também investiga estas situações, além de notificá-las.

PROTOCOLOS

Por mais que Canoinhas, Três Barras e Mafra aleguem ter esse protocolo já estabelecido em suas respectivas Secretarias de Saúde, nenhum dos três municípios disponibiliza com facilidade e transparência os documentos ao público.

Quanto ao município de Mafra, que teve quase 400 internações por lesões autoprovocadas intencionalmente em um ano, a reportagem do JMais tentou contato com a Secretaria de Saúde em dois números de telefone diferentes, que deram ocupado por mais de uma hora de tentativas seguidas.

Em contato com uma assistente social da Secretaria de Saúde de Mafra, solicitando uma cópia do protocolo de prevenção ao suicídio ativo no município, a servidora respondeu apenas que o protocolo foi construído pela rede de saúde mental e que para ser disponibilizado deveria haver uma solicitação formal que só seria atendida após a autorização do próprio secretário de Saúde de Mafra.

Também houve tentativa da reportagem do JMais em obter o documento pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Mafra. Após ligação telefônica, uma servidora pediu para que a solicitação fosse explicada em uma mensagem via WhatsApp. A resposta foi que somente a coordenadora do Caps tem uma cópia do protocolo na sala dela e que não haveria possibilidade do documento ser enviado à reportagem naquele momento.

Somente após insistência, a reportagem teve acesso ao protocolo de Mafra. Nele, consta a informação de que os quadros de pacientes em situação de risco em saúde mental são categorizados por cores. Vermelho: caso gravíssimo, com necessidade de atendimento imediato, condições em que o usuário apresenta risco de morte. Laranja: risco significativo, com condições que potencialmente ameaçam à vida e requerem rápida intervenção. Amarelo: casos de gravidade moderada, com condições que podem evoluir para um problema sério. Verde: condições que apresentam um potencial para complicações. Azul: condições não agudas, não urgentes ou problemas crônicos, sem alterações dos sinais vitais.

No protocolo ativo em Mafra, há também um questionário feito ao paciente, quando é identificada uma situação de risco de suicídio. São avaliados, nestes casos, quais são as intencionalidades do paciente em tirar a própria vida, seguindo classificações que vão desde ideias de morte passivas, até o efetivo planejamento do ato, com condições agravantes que vão desde a pessoa já ter um plano detalhado de como fazê-lo ou já ter acesso aos meios letais.

Também são levados em consideração no questionário presente no protocolo de prevenção em Mafra, alguns fatores de risco, como tentativas anteriores do paciente em tirar a própria vida, consumo de álcool ou outras drogas, abuso físico ou sexual, isolamento, ter um caso de suicídio na família ou ter sido exposto a um caso de suicídio, além de desemprego, relações conflituosas ou desilusões amorosas.

Em Canoinhas, a reportagem entrou em contato diretamente com a diretora-geral da UPA, Simone de Castro, solicitando uma cópia do protocolo. Ela repassou o contato da enfermeira responsável técnica da UPA. As primeiras tentativas de contato da reportagem com ela foram na quarta-feira, 26, por telefone. Ela não atendeu e nem respondeu às mensagens via WhatsApp.

A enfermeira responsável técnica somente respondeu à solicitação da reportagem na tarde de quinta-feira, 27, alegando que enviaria uma cópia do protocolo de prevenção ao suicídio no dia seguinte, sexta-feira, 28. Até o fechamento desta reportagem, não houve resposta à solicitação.

Também houve tentativa de obter o protocolo de prevenção ao suicídio ativo em Três Barras, em contato com o Centro de Atenção Psicossocial (Caps). A servidora que atendeu à ligação alegou que estava em atendimento no momento e que enviaria uma cópia do protocolo assim que possível. Até o fechamento desta matéria, a reportagem não teve acesso ao documento.

Fonte: Jmais


31/03/2025 – Super FM

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