Inaugurado primeiro frigorífico de coelhos do Planalto Norte
O Planalto Norte saiu na frente e nesta sexta-feira, 12, inaugurou o primeiro frigorífico de coelhos do Estado com registro no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) emitido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). O Frigorífico da Associação dos Pequenos Agricultores Ecológicos e Orgânicos (Apaeco) fica na Colônia Escada, interior de Irineópolis.
“Hoje temos 50 cunicultores que já criam coelhos – a meta é chegar a 300 até o fim do ano -, pois já recebemos o alvará de funcionamento dependendo agora só dá liberação do Sisbi por parte da Cidasc”, a ser emitido nos próximos dias, conta Ludgero Gonçalves, proprietário da Coelho Nobre, que vai comprar e comercializar os animais abatidos pela Apaeco. Somente neste mês de abril, 1,2 mil coelhos devem ser abatidos. A venda vai ser direcionada para todo o Brasil. “A primeira remessa de coelho congelado para esse mês de abril será de duas toneladas e meia. Pretendemos aumentar o abate a cada mês”, comemora Gonçalves.
O trabalho de preparação dos cunicultores foi de dois anos, com palestras e treinamentos. A Coelho Nobre Cunicultura Familiar Catarinense é que trouxe o projeto para Irineópolis. Gonçalves destaca o apoio da Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amplanorte) na montagem do frigorífico em um espaço desativado há mais de 20 anos.
Além de ter uma carne bastante palatável, o abate do coelho pode ocorrer em 90 dias a partir do nascimento do animal. O abate dos coelhos se dá por meio de impulsos elétricos que tiram a consciência do animal, facilitando e não causando sofrimento ao coelho durante o abate.
“Para mantermos o projeto vivo, até agora tivemos de levar umas 10 cargas para um frigorífico de São Paulo, pois se não tivéssemos esse escape não seria possível montar o projeto”, contou Gonçalves em fevereiro, quando o frigorífico recebeu licença ambiental, lembrando que “a criação de coelhos requer menos terra, água e ração em comparação com a pecuária tradicional, tornando-os uma opção de carne mais ecológica. Isso repercute nos brasileiros cada vez mais preocupados com a sustentabilidade e o consumo consciente.”
Enquanto carne bovina, frango e porco dominam as mesas brasileiras, a carne de coelho é uma proteína menos conhecida, mas está ganhando terreno. Frequentemente associada à culinária europeia, a produção de carne de coelho no Brasil está experimentando um aumento lento, mas constante, impulsionado por vários fatores.
A carne de coelho apresenta um perfil nutricional único, atraente para consumidores preocupados com a saúde. É conhecido por ser magra e com baixo teor de gordura, contendo níveis mais elevados de proteína e ferro em comparação com outras carnes. Isso o torna uma opção atraente para quem procura fontes alternativas de proteína ou tem restrições alimentares.
Apesar do seu potencial, a produção de carne de coelho no Brasil enfrenta desafios. O setor ainda é relativamente pequeno e a sensibilização dos consumidores continua baixa.
Especialistas acreditam, no entanto, que o futuro da carne de coelho no Brasil é promissor. O crescente interesse dos consumidores na saúde e na sustentabilidade, juntamente com iniciativas governamentais de apoio aos pequenos produtores, poderia alimentar a expansão da indústria.
Embora ainda não seja popular, a carne de coelho ocupa um lugar especial em algumas regiões brasileiras, especialmente no Sul. Aqui, pratos tradicionais como o coelho à cabidela e o coelho recheado são transmitidos de geração em geração, carregando significado cultural e patrimônio culinário.